ADAB: Entrevista com Juan Savedra, Advogado e Vereador
Cases de Sucesso
Foto: ADAB
Este é um novo projeto da Alumni Brasil, onde vamos trazer "Cases de Sucesso" com Irmãos Seniores que estão se destacando na sua vida profissional, acadêmica ou política. Queremos que estes Irmãos sirvam de inspiração para outros DeMolays, principalmente os DeMolays Ativos que estão planejando sua futura carreira. Nosso entrevistado é o Irmão Juan Savedra, ele tem 32 anos e é advogado, recentemente assumiu a função de Vereador na cidade de Porto Alegre. Juan é Sênior DeMolay e Past Grande Mestre Estadual do Rio Grande do Sul.

1) Juan, mesmo neste curto espaço de tempo que você assumiu a cadeira na Câmara Municipal de Porto Alegre, qual a experiência que você leva desses dias, para sua vida?

Foi uma baita experiência poder ter assumido o mandato por esses dias e levo comigo a certeza de que quero continuar trabalhando por Porto Alegre, pelo Rio Grande do Sul e pelo Brasil. Após as eleições do ano passado, o sentimento de frustração por não ter conseguido a cadeira foi natural, e esse curto período na vereança me fez enxergar que todo o trabalho valeu a pena, afinal, apesar de não ter sido eleito como titular, ajudei o meu partido a aumentar o número de cadeiras na Câmara de Vereadores e tive a oportunidade de seguir trabalhando pela cidade, junto com a Vereadora Mari Pimentel - também do meu partido.

2) Durante esse período, também, você chegou a protocolar um projeto de lei que trata sobre o uso de assinaturas eletrônicas para projetos de iniciativa popular, qual a importância, para você, desses projetos que facilitam a participação da população na tomada das decisões?

A intenção do projeto é justamente criar mecanismos que facilitem o acesso da sociedade à participação na construção da cidade; acredito que no âmbito dos municípios - que é, efetivamente, onde a vida das pessoas acontecem - é fundamental garantir essa participação, sem excluir, evidentemente, a análise constitucional e legal destes projetos oriundos de iniciativa popular que, ao fim, serão deliberados pelos Vereadores em Plenário. Acredito que estamos vivenciando um momento de consolidação da democracia, e mostrar para a sociedade que a participação dela vai além do voto é fundamental para esse processo de amadurecimento.


3) Você chegou ao posto do GME do RS. Quanto sua jornada na Ordem DeMolay acendeu seu lado enquanto político? Eu sempre gostei de política, desde antes de eu ter conhecido a Ordem DeMolay. No entanto, as experiências que tive na instituição não apenas ajudaram a formar o meu caráter a partir de seus princípios e valores, mas também me deram as ferramentas necessárias para que eu pudesse entender o meu papel como cidadão e como líder. Esse aprendizado que a Ordem DeMolay me proporcionou sem dúvidas me fizeram estar pronto para os desafios que enfrentei até aqui e os desafios que virão logo ali adiante.

4) Qual o maior desafio de fazer política nos dias de hoje?

A política hoje apresenta muitos desafios, sobretudo para os jovens que estão começando a se interessar pelo tema e que pretendem, em algum momento, enfrentarem as urnas. O processo de renovação das casas legislativas ainda é inferior ao que entendo como necessário para uma efetiva mudança de rumos do país e isso se deve, claro, ao próprio establischment, que em maior ou menor grau, busca defender seus interesses e criar mecanismos que freiem a renovação. Felizmente temos ótimas iniciativas nesse sentido, que visam justamente mitigar essa disparidade que existe para aqueles que desejam ingressar na vida pública, como o próprio Renova BR, do qual eu fui aluno em 2020 e estou novamente como aluno para a turma de 2022. Acredito que iniciativas como esta que buscam não apenas a qualificação técnica, mas a qualificação da própria pré-campanha e campanha eleitoral são fundamentais para a renovação.

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5) Atualmente você é filiado ao Partido Novo, foi candidato pelo Partido Novo e defende as pautas do Partido, em que momento você se identificou com as bandeiras levantadas pelo Novo? Qual o porquê da sua escolha?  

Eu acompanhei o partido NOVO desde 2013, quando o partido buscava coletar assinaturas para a sua fundação. Na época, a visão disruptiva do partido em formação me atraiu muito. Apesar disso, foi apenas em 2015 que eu me descobri como liberal e então iniciei minha militância no LIVRES. Foi pelo LIVRES que eu efetivamente coloquei o rosto na política. O projeto que o LIVRES representava na epoca - de renovar o Partido Social Liberal, levando ele para uma orientação liberal de fato - acabou ruindo com a filiação do então Deputado Federal Jair Bolsonaro ao PSL, o que fez com que o LIVRES, por coerência, deixasse o partido, se afastando do que consideramos um projeto antiliberal. Assim, a minha filiação - e de outros membros do LIVRES no Rio Grande do Sul - ao partido NOVO em 2018 foi um processo natural. Na minha visão, o partido NOVO é o melhor espaço partidário que existe hoje para defender a visão de mundo, os princípios e valores do liberalismo.


6) Você foi o primeiro vereador LGBT eleito pelo seu partido, qual o peso que isso tem dentro do partido e para nossa instituição de forma geral?

Eu assumi a minha sexualidade para a minha família aos 18 anos de idade, em uma epoca bem diferente da que vivemos hoje. Desde então, isso sempre foi algo muito bem resolvido para mim, tanto é que a maioria das pessoas que me conhecem, incluindo irmãos DeMolays e Maçons, sempre souberam a respeito. Poder falar na tribuna da Câmara de Vereadores sobre uma parte importante de quem eu sou foi um momento marcante da minha trajetória. Compreendi aquele espaço com um grande senso de responsabilidade em representar tantos outros LGBTs que tem uma visão de mundo diferente da que é hegemônica daqueles que defendem essa pauta nos seus mandatos, partidos e movimentos. Como disse no discurso: nem todo LGBT acredita em soluções por meio do Estado. Com relação à nossa instituição, recebi o abraço e o carinho fraterno de muitos irmãos que se sentiram representados por mim naquele momento, e fiquei muito feliz em poder representar irmãos LGBTs que, em algum ou outro momento da sua trajetória, tenham se sentido desconfortáveis com relação à sua sexualidade dentro da instituição. Às vezes o óbvio precisa ser dito: a sexualidade não define o caráter de ninguém e, muito menos, torna qualquer irmão menos ou mais DeMolay em razão de suas condições pessoais.

7) Pretende concorrer nas próximas eleições?

Eu entendo ainda ser muito cedo para dar uma resposta definitiva a respeito disso, mas ter sido aprovado como aluno do Renova Brasil para a turma de 2022 certamente me deixa mais próxima de uma candidatura no ano que vem. Além disso, diante do cenário de polarização que estamos vivendo, entendo que exista espaço para uma campanha na forma como eu faria, porém, claro, ninguém é candidato de si mesmo e isso só será possível e se tornará viável se houver pessoas engajadas comigo nesse processo.

8) Qual ensinamento você deixa para os DeMolays que pretendem se candidatar e se colocam à disposição para trabalhar em prol da sociedade?

Nosso Dad Land já dizia que para ser útil à sociedade, não é necessário ser um DeMolay, mas que um DeMolay tem o dever de ser útil à sociedade. Com essa lição de nosso fundador, deixo aos irmãos o ensinamento de que tenham coragem para se colocarem como agentes das mudanças que queremos ver acontecer em nosso país, sem deixar de lado nenhum dos ensinamentos que tivemos em nossa instituição. E isso vale para todos: aqueles que querem se candidatar, que um dia querem ter um mandato político, mas também para quem deseja ser útil à sociedade de outras formas, seja empreendendo, seja atuando como profissionais liberais, enfim, existem várias formas de contribuir para a sociedade e a política é apenas uma delas.


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